Naveguem por este mundo sem validade!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Uma espécie de Brigitte Bardot da aldeia!

No início dos anos 90 enquanto uns andavam de bicicleta e skate e outros jogavam ao elástico, aos 3 pauzinhos e ao "mata", eu passava as tardes a perseguir gatas acabadas de parir a fim de descobrir o local dos gatinhos e assim garantir que a mãe não os abandonava!...Era uma verdadeira detetive! Tinha uma mala a tiracolo onde guardava migalhas de pão e uma lanterna!

Vai vai Gadjet vai!

A minha paixão era tão desenfreada que, quando eu tinha 4 anos, apareceu um gato abandonado com incontinência fecal e que, lamentavelmente, "pintou" os cortinados da sala. Deixou a minha mãe à beira de um ataque de nervos! E ditou-lhe a sentença: rua!

O juiz decide está decidido...e pronto!

Ora...eu agarrei no gato e fugi até a casa de um tio emigrante (mais ou menos a 100 metros de distância) e fiquei lá até começar a ouvir a minha mãe a chamar e anunciar um grande, mas muito grande ralhete ou "pequena" repreensão! (se fosse hoje...tinha a polícia e todas as televisões a fazer a cobertura do pseudo-suposto desaparecimento!). Mas...o que eu queria era salvar o gatinho!

O apogeu da minha investigação era, quase sempre, o momento do parto das minhas gatas! Especialmente quando se tratava da Ofélia, que tinha os seus filhos no armário da roupa dos meus pais! Era lindo!!! Naquela altura a minha missão era salvar os animais, custe o que custasse (mesmo que não estivessem necessariamente em perigo e a necessitar de serem salvos...)

Bambi e a Brigitte. Era mais ou menos assim.

E assim sucederam os anos seguintes...
Na escola (talvez 2º ano...), aprendi como viviam as formigas e, lembro-me de ter imensa pena delas...
Recordo-me de pensar que elas deviam andar sempre cansadas e de me questionar se dormiriam.
Se fossem todas como esta...não precisavam de fazer horas a trabalhar!

Mas eu tinha de fazer alguma coisa!
Então, aproveitando os torrões de açúcar que a tia A. da França trazia nas férias, à revelia da minha mãe, levava-os e enfiava um por um em todos os formigueiros que encontrasse no quintal (e...eram muitos!)...
Eram estes!
Bom, escrevendo e pensando sobre isto...acho que lhes tapava a entrada( e saída, óbvio) da sua casa...Talvez as formigas não me vissem bem como eu imaginava!

Ops...
E...não termina aqui a minha devoção pelos animais que ainda se mantém até hoje...com exceção de um anfíbio (admito! É o meu tendão de Aquiles!) que eu não me importava que fosse curtir umas raves com os dinossauros!  (Não sei bem porquê...mas quando as vejo, revelo um comportamento que roça entre o histerismo e fuga acompanhado de saltos e gritinhos irritantes!)

Até tenho os pêlos dos braços arrepiados!!!!! Bolas!!!

Voltando à minha paixão pelos animais...
Nos meses de chuva é muito comum fazer-se "queimadas" dos detritos da terra que se vão acumulando depois das culturas. Numa dessas queimadas com imenso fumo, achei que, tal como os humanos, a intoxicação por inalação do fumo também poderia prejudicar os animais. Os que se encontravam mais perto do local eram caracóis que vagueavam  nas couves espigadas (olhando para trás...hoje acho que estavam felizes!) e que eu "salvei" um a um para dentro de um saco de plástico! Na altura alguém se esqueceu de me dizer que um saco não é propriamente adequado para refugiados moluscos gastrópodes...

"Deixem passar, vem aí, o bombeiro Sam! E o dia vai salvar, bombeiro Sam. É super corajoso!  O Sam é o nosso herói."

E na crença de que eu fazia o melhor para eles (mesmo sendo questionável depois do que leram...)...relembro todos aqueles que da minha vida já fizeram parte, tornando-me um melhor ser humano.




E no presente: as minhas fiéis amigas...
Mia & Sushi

5 comentários:

  1. Revejo-me em algumas investidas!! Lindo... Um máximo Ritinha!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :)...Lembrei-me agora da lesma que encontraste no mar da Quarteira...e ela era tão castanha e pegajosa e tu, dizias que era linda!!! ehehehhe

      Eliminar
  2. Pronto! Convencida que posso ser menos enfadonha a escrever do que a contar anedotas, aqui vai a partilha de peripécias atrás dos gafanhotos e grilos.. (Para não escrever das moscas e as mortíferas experiências de retirar as asas..claro que não era eu a mestre..eu fui aquela que ralhava com os primos por fazerem tal massacre!) A minha infância foi altamente marcada pelas aventuras em campos alheios, cheios de bicharada que mais ninguém queria por perto.. A qualidade do meu dia era medida pela quantidade de grilos e gafanhotos apanhados a céu aberto!!! Os grilos passeavam lá por casa..já os gafanhotos..esses..só às escondidas!!! Era uma criança hiper feliz com bicharada atrás.. Obrigada Ritinha.. Recordaste-me belos momentos!! E agora o PJ já reclama atenção.. Beijos

    ResponderEliminar
  3. Tal como vocês, persegui todos os bichos por entre os campos de chuva ou sol, eram todos eles amigos e amigas que não falavam mas que me devolviam toda a cumplicidade de quem pertence à natureza, percebendo que ela não nos pertence a nós. Muitos ralhetes...muito gozo por parte dos irmãos que não partilhavam dessa mesma paixão e respeito, nem percebiam por que raio ia eu todas as noites à rua despedir-me da minha Diana, falando com ela como se me percebesse e respondesse também. Percebia-me e respondia-me como ainda hoje fazem todos estes nossos amigos, animais, como nós. Ainda hoje, frequentemente me vêm parar às mãos pássaros, coelhos, ouriços, gafanhotos e afins que de uma ou outra forma precisam de ajuda, como se me escolhessem. Ou quero acreditar que assim é...até porque a combinação de um dia passado com a Cátia já resultou no salvamento de 3 gatinhos e um coelho...Imaginem se nos juntássemos as 3!!! :) Fizeste-me viajar a anos-luz de distância, num tempo que não deixarei nunca passar.

    ResponderEliminar