Naveguem por este mundo sem validade!

terça-feira, 30 de abril de 2019

Ornitisquiano

Os meus filhos inventaram uma nova língua: o "ornitisquiano" [que só eles entendem]. Fazem-se acompanhar por gestos e ao que parece, é suposto eu entender o que dizem. Na maior parte das solicitações, limito-me a acenar a cabeça [para não dar a parte fraca e para continuar na prateleira das "mães fixes"] como se entendesse tudo. Na verdade, a lingua que inventaram soa-me a um russo misturado com chinês, com sotaque de inglaterra. Não tem sido fácil e para fugir a esse embaraço, tenho mudado os tópicos de conversa. Um dia destes, para acabar com aquela verborreia e sem grandes ideias [confesso que naquele dia estava com acesso limitado à minha caixa pensante] mudo o tópico da seguinte forma [ah...e que numa conversa entre adultos faria todo o sentido]:
- Amanhã vai chover, sabiam?
Resposta pronta do mais velho:
- A sério mãe? Não tinhas mais nada para nos atrapalhar o raciocinio do ornitisquiano?
Acrescenta a mais nova:
- Ó mamã, ninguém te perguntou nada sobre o tempo de amanhã!
[Sim, eu sei. A  mamã iogurte deverá rever a politica de desbloqueadores de conversa com os filhos. Claramente, está a precisar de upgrade.]
[Eu e a lingua ornitisquiana] (Estátua de Sabine Weiss, 1975).

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Hoje é dia Mundial da Dança!

Não tenho memória de quando comecei a gostar de dançar. Talvez tivesse começado na barriga da mãe. As moléculas do meu corpo sofrem uma espécie de hiperatividade quando a música interna e externa se faz ouvir. O meu corpo dança sem pedir licença e eu não me importo. Eu sou este corpo que não pede licença e dança livre, sem freio ou mudanças de parágrafo.
Bonita liberdade esta. 
Feliz dia.



domingo, 28 de abril de 2019

38 anos e mais 3 cabelos brancos.

Tenho sido uma espécie de fantasma beligerante de mim mesma. Boicoto as falanges, forço-as a uma greve não planeada e permaneço assim, acomodada. Até hoje. Hoje estou aqui para um ponto da situação.

Fiz 38 anos há pouco tempo, zanguei-me com os meus cabelos [aumentei o rácio de cabelos brancos por centímetro quadrado] e, agora mais que nunca, os meus pensamentos tem-me atraiçoado pelas costas: vagueiam por trajetos que me incomodam, vão ao futuro sem pedir, ignoram o presente e, mesmo sob comandos exigentes e autoritários, eles não me obedecem. 
Como "mamã iogurte" assumida, tenho tido o meu quê de momentos hilariantes, continuo a ter uma opção alimentar diferente do habitual e isso tem dado aso a muita dissertação filosófica acerca de mim. Um senhor de 70 anos terá dito à minha filha mais nova que eu como ervas, ela chegou a casa preocupada. Nunca me tinha visto a pastar. Pois não, ela tem razão. A outra foi com o meu filho mais velho, na escola. Perguntaram-lhe se eu era herbívora, após o rapaz ter feito algumas descrições sobre a mãe. O rapaz disse que eu não era um animal. Eu corrigi-o. Afinal, ainda posso ser animal racional, certo? 

Tenho sido uma enteada de um teatro que me consome as horas dos dias e os dias das horas. O processo é moroso e o resultado tem sido interessante. No final das contas, o sono abunda, a mente necessita de exercício constante e o corpo precisa sempre de um sofá balsâmico.

Hoje foi um dia de sol e de luz e eu resolvi sair da casca e içar a bandeira.

Abraço à navegação.
Eu, assim ao sol.