Naveguem por este mundo sem validade!

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

31 de Dezembro 2019

Escrevo por ímpetos. Ultimamente têm ficado escondidos na gaveta à espera que eu lhes tire o pó. Hoje resolvi tirá-los e cá estou eu a sacudir ideias: ímpetos isentos de pó.
Ponto da situação/balanço:
Termino o ano despenteada e de pantufas tal como eu gosto. Tenho 3 livros com leitura intermitente na minha mesa de cabeceira. Tenho adormecido em modo relâmpago todas as noites a ver filmes da Foxlife (cujo final sabe-se logo mal se lê o titulo do filme. Que fique anotado que não me orgulho disto).
Os meus filhos são fãs do Harry Potter e à custa disso iremos aos estúdios do filme em Londres no Carnaval (um arrombo financeiro, deixem-me que vos diga). O mais velho (V. , 8 anos) começou a ver os filmes do Star Wars (pela ordem cronológica) e vai no episódio IV. Quer convencer-me a gostar, mas a tarefa tem sido árdua, acho que ele vai desistir (desculpem-me os fãs). A mais nova (C., 5 anos) dança ballet e não perde uma oportunidade para se por de pontas e dançar a "fada do açúcar". O papá M.C. este ano foi a um concurso televisivo, foi à final e ganhou uma estadia de 3 noites para 6 pessoas mas está difícil de marcar a estadia, parece-me que nem para o ano vamos usufruir do prémio!
Escrevi duas peças de teatro em 2019 e, sendo leiga e amadora na matéria, encenei-as com todo o amor que elas precisam para sobreviver.
Fui tia novamente este ano, uma alegria imensa para este meu coração derretido. 
Nos próximos dias, aguardo notícias de um grande desafio ao qual me aventurei, por isso, "finger's crossed" por favor.
A todos, o desejo de que o novo ano que se avizinha vos proporcione excelentes momentos. Por cá, estou simplesmente grata por estar terminar este junto de quem mais gosto!
Xi.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

A lua tem mau feitio.


A lua tem mau feitio.  Hoje, trouxe fora de horas, a história negra e o vislumbre da efemeridade. Não da minha (e ainda bem), mas de um outro cuja história se pintou sozinha. Adjetivo inconsequente que me provoca mau estar no estomâgo. Não gosto de o ingerir. Não tenho talento para o digerir. Fico doente. Não me satisfaço nesta doença. Irrita-me pensar e falar sobre ela, por isso escondo-a sempre que posso na minha algibeira, desejando a minha insanidade momentânea quando tiver de lhe de prestar contas.  Tramada forma de cumprir pagamentos. Não há como transferir virtualmente, a coisa sente-se na pele e arrepia-se. E depois, como se não bastasse, lembra-se. E lembra-se vezes sem conta.


Nicklas Gustafsson

[em memória a ti Celso]

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

5 de Outubro de 2014

A ti C. que hoje completas 5 anos...

Um dia irás ler e decifrar todas estas palavras com os teus próprios olhos. Agora ouves a mãe a ler e sorris, não sei se por estares a perceber ou simplesmente porque sabes, mesmo que não entendas o porquê da minha escrita, no teu íntimo, um sorriso teu me enche a alma e, para mim, é o suficiente.
Não sei se entendes já a dimensão e a imensidão do meu amor por ti, pois nenhuma palavra que eu possa escrever fará jus a esse sentimento, mas por agora é a forma que arranjei para que  te lembres da tua história em mim. 
É junto dos teus caracóis dourados que eu gosto de adormecer, mesmo quando preferes o pai a deitar-te. 
É o teu abraço que fortalece os meus músculos quando a distância potencia o peso do colo, do qual ainda tanto gostas. 
Vibras com as conquistas do mano, com o teatro da mãe e da música do pai! Não és uma miúda de barbies, nem de pinipon's... és uma miúda de Harry Potter e de Star Wars, uma miúda que gosta de rock mas também de Fernando Daniel. E tudo bem.. para mim estará sempre bem assim... serias linda igual se apreciasses o Quim Barreiros ou o Justin Bieber [mesmo que isso me custasse um bocadinho].
Danças ballet com a leveza de uma borboleta e toda a tua luz te transforma e nos transforma.
Grata por me teres escolhido para ser a tua mamã, mãe para a vida toda.

<3

Ilustração de Oliver Jeffers

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A tristeza dá trabalho.

A tristeza dá trabalho. Os músculos contraem continuamente, obedecendo a uma lógica carpideira onde o mantra principal é o lamento físico. Mesmo que a abomine, ela entranha-se nos poros da minha pele e asfixia qualquer tentativa de sucumbir a ciclos respiratórios leves. 
A tristeza dá trabalho. Constrói-se em segundos, sem planeamento urbano, desorganizando a mente e afeta qualquer trânsito de ideias positivas que se oferece a fluir.
A tristeza dá trabalho e hoje estou dada a trabalhos.
Merda.
Miró.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

9 de Setembro 2011

O puto faz hoje 8 anos. Traçou um plano meticuloso para a forma de o acordarmos. Nós cumprimos.
Ouvimos entre abraços e beijinhos: Adoro-vos. Nós também.
Não é só hoje que se relembra como um amor destes pode ser tão poderoso. Todos os dias, em todos os desafios e em todos os momentos que constituem o dia, o meu chip de mãe está ligado. Tem pilhas infinitas, não acabam nunca. É uma das poucas certezas do mundo: o amor de mãe é infinito.
E eu tenho a sorte de o viver e sentir.
Grata.

domingo, 8 de setembro de 2019

Sou uma miúda sensível!

Sou uma miúda sensível. A minha pele também. Resolvi atacar os pêlos na zona imediatamente acima dos lábios (dito assim até parece uma coisa chique!) e venci-os. Seguiram-se as sequelas. Uma ligeira queimadura, junto ao confluência labial esquerda. Encontra-se em estado de cicatrização, ou melhor dizendo, apresenta-se com uma coloração castanha (dito assim, não vos parece uma história de encantar cheia de riquiquis e rococós?). Estava convencida que ninguém repararia na dura batalha que ali se travou até que, o M.C., no melhor da sua simpatia e honestidade, no meio do supermercado me faz o seguinte reparo:
- Epá vai limpar os beiços que estás suja de chocolate!

p.s. afinal, nota-se um bocadinho.

Três segundos de silêncio pela coragem rapariga que assume o seu farto bigodinho.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Por dentro somos todos iguais.

Os ossos assombram qualquer réstia de sanidade por estes dias. A alma lavou-se em água choca e insalubre. Padeço agora, de uma febre que não lembra nenhum morto. As dores assaltam qualquer músculo e irradiam terror pelo meu corpo, como se ondas sísmicas se tratassem.
Recuperar de mim, o que me tiraram. Serei eu capaz?
Processo a informação que me chega em catadupa e escondo-me na invisibilidade dos segundos que passam. Talvez ninguém me note e eu possa sossegar.
Recuperar de mim, o que me tiraram. Serei eu capaz?
Contenho o movimento dos pés e faço-os sentir o frio. Talvez assim, a erupção não aconteça.
Fecho os olhos na esperança que a paz me adopte e me leve daqui embora.

Por dentro somos todos iguais.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Quem está vivo sempre aparece!

Um mês de férias passou com a velocidade de Ferrari F40. Entre idas à praia, piscina e limpezas gerais da casa, os dias foram tranquilos. 
Este ano resolvi fazer pausa do blog e das leituras durante o mês de férias pois iniciei um novo desafio: estou a estudar para um monólogo no teatro. O texto não é nada fácil, a modos que é de um português erudito, daqueles em que as palavras provocam litros de saliva projetadas para serem bem pronunciadas e bem articuladas. Moral da história: meti pressão em mim e prometi a mim mesma que, não voltaria a ler nem a escrever enquanto não memorizasse o texto. Mas a tão desejada rapidez não aconteceu e esta noite sonhei que debitava o texto todo trocado. Falta-me um parágrafo. Maldito! Hoje quebrei a promessa e vim até aqui dizer-vos que ainda estou viva!
Em relação às minhas crias, estas férias foram marcadas pela paixão ao Harry Potter...incluindo visualização de filmes (toda a saga) mais de 3 vezes cada, qualquer pau serve de varinha e eu tive de aprender os feitiços mágicos para que, o meu corpo correspondesse na hora da brincadeira ("morri" uma data de vezes!). 
Hoje é o meu segundo dia de trabalho, dia de reencontros e de muitos beijinhos dos meus "mestres"!
Abraços à navegação!




terça-feira, 30 de julho de 2019

Update!

Estou a dois dias de iniciar as minhas férias (não vejo a hora). Nos últimos dias fui acometida pelo fenómeno das constipações de verão (vá-se lá entender porquê...talvez porque o tempo tem sido tão constante e ameno…ou não…). O vírus da constipação deixou-me prostrada no sofá (com mais tempo para ver televisão, redes sociais, etc...) e então, dei conta do seguinte:
A Foxlife passou numa semana todos os filmes de Natal da Hallmark (WTF??) e estamos em plena estação de Verão!! Aceitava melhor se tivessem passado o Baywatch ou os jogos sem fronteiras!
Vou estar um mês de férias (é verdade...não me batam, por favor!) e é provável que me "ausente" da blogosfera, mas volto (concerteza).
Ah! A imagem alusiva à praia paradisíaca que se encontra, imediatamente, abaixo não é, de todo, representativa do local das minhas férias mas, a bem da verdade, eu gostaria muito que fosse!



quarta-feira, 24 de julho de 2019

É tudo uma questão de frutos secos...

...e de Oliver Jeffers (grande e icónico ilustrador de quem eu gosto muito) a explicar tudo muito bem explicadinho!

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Porque chove meu anjo?


Pega na caneta com a mesma delicadeza de uma agulha quando, esta, penetra na pele. Desta vez não dói. Os músculos transpiram, tímidos, num sossego invejoso. Na folha não há palavras que preencham o espaço em branco, apenas traços e cores. Com os pés fixos no chão, suga a energia terrena enquanto desenha. Os desenhos têm a forma do seu tormento. Conto nuvens, flores e inúmeras cabeças de onde nascem braços. As cabeças são as mães dos braços. E os braços são as raízes que as alimentam.
As nuvens tem chuva. Porque chove meu anjo? Pergunto. Porque a chuva é azul, responde. Azul, também é a cor dos meus sonhos e tu ainda não sabes. Talvez nunca entendas.
Escondes os olhos debaixo de dioptrias e o sorriso frágil que intercalas com provocações. Descalças os sapatos e pões os pés a nu. Pés que fogem quando não aguentam o calor emanado de um amor pérfido. Amor que não te escolheu.


Ilustração de Julia Seaside

terça-feira, 16 de julho de 2019

Um telefonema, uma história.

O calor fere os meus sonhos. Transforma-os em pesadelos e reduz a qualidade do tempo em que me desligo do mundo. Acordo e venho escrever. A gata deita-se cuidadosamente no meu colo, situando-se entre a minha barriga e o computador. Eu tento movimentar-me o menos possível para que o seu corpo quente e vibrante permaneça junto de mim e me ajude a esquecer o que, minutos antes, me despertou. 

Ontem,no final do dia, recebi um telefonema de um número desconhecido. Do outro lado, a voz denunciava o peso da idade. Era uma senhora. Assumi que fosse um engano. Mas era eu que estava enganada. A senhora tinha intenções de falar comigo. Começou a conversa da forma mais transparente e genuína que conheço. Arranjou o meu número junto da funcionária de um organismo público do local onde eu moro, assumiu sem preconceito. Tem 88 anos e ouvira falar que eu era menina de paixões. E foi a minha paixão pelo teatro que a levou a procurar-me. Tem a quarta classe, dá erros e a letra dela é pouco legível, segundo ela, só meia dúzia a devem entender. Mas eu explico tudo à menina se for preciso, acrescentou. Durante toda a sua vida, o seu prazer mais visceral fora escrever. Tem mais de 20 cadernos escritos com poesias, peças de teatro e até anedotas. Não gostava de morrer sem que nada daquilo fosse lido e representado por alguém. Tenho uma pena enorme não poder dar isto a alguém que saiba valorizar, repetiu várias vezes. Seguiu-se o convite para ir a sua casa. 
Irei. E levarei comigo, a sensação incrível de que o bonito pode ainda ser mais bonito quando vivido e sentido desta forma.
Obrigada dona L.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

O poder de um vestido!

O calor tem sido mais que muito e é impossível, por estes dias, usar calças de ganga no trabalho. Portanto, a indumentária mudou e ao que parece não foi indiferente aos olhos dos meus mestres.
Hoje, um dos meus alunos, cuja forma de pensar e falar é bastante peculiar (exemplo de uma frase/diálogo bastante comum: O D é do despertador, o P é da panela), trazia consigo uma maçã na mão, dirigiu-se a mim e disse (desviando intermitentemente o seu olhar):
- M de…. pernas!
Eu sorri e ele, de imediato, reformulou:
- M de maçã. O T. está a comer uma maçã.
Afinal há regras?


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Coisas que o meu filho pergunta...

Isto podia acontecer-me.
Depois de mais um dia de férias em casa dos avós e a caminho de um jogo de futebol,o meu filho diz o seguinte:
- Enfermeiras drogadas por idoso ter dado canabis num bolo por engano.
- Ãh? Onde viste isso?
- No telemóvel da avó.
- Ahhh...
Para que o assunto morresse ali... fiquei alguns segundos em silêncio, o que foi claramente insuficiente, pois ele volta à carga:
- O que é isso canabis? E como é que se põe num bolo?
(Silêncio)
- É uma planta que é considerada droga e não sei como se fazem bolos. Afinal a que horas é o jogo? Pergunto na esperança que o assunto termine (por enquanto).

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Objeto de vida ou morte?

Iniciei uma aventura em Lisboa na passada terça-feira e que me fez lembrar o tempo em que era estudante universitária.
 Este ano faz 20 anos que entrei para a faculdade e quase já não me lembrava como era andar de transportes públicos (relembro-vos que a minha vida atual se passa numa aldeia, cujas filas de trânsito apenas acontecem nos semáforos junto à igreja). Há 20 anos ninguém tinha rede de telemóvel no metro. As pessoas dormiam ou liam livros. Era uma imagem que eu apreciava com alguma frequência. Cabeças que tombavam para a frente e para os lados, os olhares cruzavam-se entre carruagens e parecia tudo, como direi eu, mais genuíno. Esta terça-feira na minha curta, mas tão longa, viagem de metro os meus olhos absorveram tudo o que acontecia à minha volta (estava sozinha num encontro comigo mesma, portanto, dada a reflexões). As pessoas riam-se para os ecrãs de telemóvel, saíam e entravam nas paragens segurando os telefones como se a própria vida dependesse daquele objeto. Talvez seja mesmo isso. Um objeto de vida ou morte. Será?

P.s. Já no expresso,  de regresso a casa, vim a testar a minha capacidade de apneia intermitente, já que a pessoa que, tão "delicadamente" me disse que eu estava no lugar dela (à janela), passou o tempo a ressonar e a pender para o meu ombro e a produzir alto débito de suor com aroma (tudo menos bom), fruto de uma provável corrida para chegar a tempo ao autocarro.

Retirado da net

domingo, 30 de junho de 2019

Conversas com a minha filha

Hoje, numa esplanada na marginal da Nazaré [conhecida por ter gelados maravilhosos em tamanho XXL, que eu não comi], enquanto esperávamos, eis que mais nova começa aos gritos [quase em êxtase], ao mesmo tempo que olhava em direção a uma loja [das quinhentas mil] de artigos regionais:
- Mamã, mamã!
- Diz filha!
- Está ali um senhor que nós conhecemos e que já morreu!
[eu sei que ela não costuma ter visões, mas...perante tanta euforia, estive ali uns microssegundos na dúvida...]
- O quê??
- Sim mamã, olha ali!! É aquele!
...
E aquele...era a imagem do Bob Marley numa toalha de praia!

[logo a seguir o mais velho, diz à irmã: "Ya...ele morreu de cancro da pele, aquele que tu dizes que tinha uma bolha na pele!"]

Era esta a foto.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Conversas com o meu filho

Ontem, o mais velho trazia dose extra de sono e má disposição e depois de ter sido contrariado (e, por consequência, não poder fazer o que queria), foi indelicado comigo. Depois do amuo da mãe, o pequeno percebeu que a coisa era séria e veio conversar comigo.
- Mamã desculpa.
- Tudo bem filho. Sabes que foste mal-educado?
- Sim. Mas, tu também sabes que quando dizes que eu sou mal-educado, é quase o mesmo que me dizeres que não me educas bem?
....
[Porra!]

As "merdas" que uma mãe tem de aturar!

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Nunca é o que parece!

Há uns anos atrás, uma das minhas "mestres" mais bonitas do universo "brincava" no recreio com um amigo numa simbiose corporal estranha. Foram ter com ela e perguntaram-lhe o que estava a fazer. Ela responde da forma mais genuína e sincera:
- Estamos a fazer fisioterapia.
Hoje lembrei-me dela. Ela era a personificação da boa disposição e alegria. 
Por isso, os sorrisos deste iogurte são para ti minha doce estrelinha F.



terça-feira, 25 de junho de 2019

Espera-me aqui amanhã, nesta mesma hora, fugiremos juntos.


Espera-me aqui amanhã, nesta mesma hora, fugiremos juntos.
Corri para casa, segurando o retrato dela como se fosse a última coisa que faria na vida. Encontrava-me confuso e submerso numa embriaguez diletante deste amor personificado a uma obra de arte pulsátil.
Chegado a casa, ofereci a minha alma a Nix e mantive-me sob o seu encantamento. Obedeci aos seus desígnios e sofri, sem precedentes, o poder de uma magia que transformou a minha simbiose com as horas, numa interminável viagem de hipóteses.

Espera-me aqui amanhã, nesta mesma hora, fugiremos juntos.
Relembrei todas as sílabas desta frase, sentindo o poder de cada uma, como se fossem notas musicais vibrando em taças tibetanas. Finalmente, viveria o nosso amor longe da argila que nos consumiu nos últimos anos e os monstros nela esculpidos.
Adormeci. Os meus sonhos saíram incólumes da minha memória, simplesmente anestesiados mas conscientes de que algo maior poderia terminar com o marasmo do meu corpo. Repetido em catadupa de imagens, estava o incauto sorriso dela. Acordei e adormeci novamente.

Espera-me aqui amanhã, nesta mesma hora, fugiremos juntos.
E o tempo chegou até mim, sóbrio. Apoderei-me dele, como se o violentasse. Ele não resistiu. Resignou-se e submeteu-se aos meus ímpetos. Era meu. Sentia-me orgulhoso, agora assumia-me déspota do tempo. O meu tempo. O meu momento de partir. Partir com ela. Ali, naquele espaço e naquele tempo iria esperar.
Iria esperar.

Espera-me aqui amanhã, nesta mesma hora, fugiremos juntos.
Iria esperar.
Iria esperar.

Iria esperar.

Ilustração  de Serenity Rose

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Um velho não é um cão.


O velho chegou arrastando as pernas metálicas. Anda em quatro apoios, mas não é um cão. Não gosta de andar depressa, mas gosta de mastigar lentamente os minutos debaixo da cama, esperando que ninguém o deflagre. Não tem sorte. O velho é conhecido pela vilania e, por isso, está mediante perigosa obediência a um binóculo fixo e diário. Mas o velho já não se importa. Passa os dias esperando a ordem de deitar, levantar e andar. Mesmo assim, a sua língua meliante mantém-se firme no ofício de protestar. A língua não envelheceu como o resto do corpo. A língua é o seu órgão do poder, o Terceiro Reich. São as suas ordens implacáveis que mantém o corpo a funcionar.

Não dorme a sesta. “O sono é para os preguiçosos”, entoa orgulhosamente para quem passa, como se de um hino se tratasse. Recusa-se a obedecer a línguas que não conhecem o seu corpo. Entre os tempos de deitar, levantar e andar a língua manda o hemisfério direito contar e calcular.
“O Manel tomou 700 cafés a mais durante este ano e eu já encontrei 930 palavras nesta sopa de letras e 93 sequências de dígitos.” Mostra-me o caderno com orgulho, como se mostrasse o primeiro dente do seu filho ou o cheque do seu primeiro ordenado. Coisas do tempo que levam tempo a ser contadas. Mas eu tenho tempo. Dou-lhe o meu tempo sem mais nada lhe cobrar.

Conta-me que mendiga o amor, tocando nos lábios mornos de um corpo presente, segurando-se à memória de um sorriso, onde outrora existiram dentes. Toma conta deste amor, dividindo o espaço à noite com quem partilha o mesmo oxigénio. Um ciclo de 60 anos que, em breve, poderá ter um fim terreno.

Não gosta de regras. Inveja a independência, mas resigna-se à relatividade da sua. Ainda controla os seus braços e não percebe porque não lhe deixam fazer a barba. “Temos medo que o senhor se corte”. O medo baliza pequenos cortes na camada mais profunda do seu ser. Quem ganhou por direito o poder de os infligir?
As convicções dos outros comprometem a sua liberdade. A liberdade do velho. Ele diz: “elas são velhacas”. Elas chocam-se e embutem-se de demagogia: “é um pecado capital querer ser livre em forma exponencial à idade”.
Mas “elas” ainda não perceberam que ele apenas queria fazer a barba sozinho. Fazer a barba com as suas próprias mãos. Mãos que ainda conseguem segurar um lápis e produzir traços caçando palavras.


Um velho não é um cão.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

E ontem...foi dia de ir ao concerto do Manel Cruz...

….com as crias! Sendo que a hora prevista de inicio era às 21h30 e tendo a mais pequena dormido a sesta estava tudo mais que orientado para correr bem (pensava eu). O concerto começou às 22h com o JP Simões que é brilhante e peculiar (os meus filhos não conheciam). A meio da sua atuação, apenas ele e outro guitarrista, o JP agradeceu as palmas e, em jeito de ironia, disse que normalmente não costuma ter tantas. O meu filho mais velho ficou com a lágrima pronta e disse-me:
- Mamã, coitado...o JP Simões não costuma receber palmas agora tenho pena dele.
Eu tranquilizei-o, explicando-lhe rapidamente como funcionam as metáforas da linguagem. Aceitou e manteve-se atento.
Entretanto, a pequena já comia bolachas, bebia água pela enésima vez e já tínhamos ido ao wc duas vezes fazer chichi. 
O auditório estava cheio e eu contei cerca de 7 crianças ao todo, num universo de 600 pessoas. Era um número claramente inferior, o que gerava à nossa volta alguns sorrisos de simpatia mas também, muitos olhares de estranheza. 
A minha filha mais nova de 4 anos foi instruída, caso lhe perguntassem a idade à entrada do teatro, a dizer a seguinte frase:
- Eu tenho 6 anos, sou pequenina porque nasci prematura.
Mas não foi necessário (eu sei que não foi exemplar da minha parte ensiná-la a mentir, mas era por uma boa causa). 

Finalmente, começou o concerto do Manel Cruz. Os meus filhos tinham rejuvenescido. "Ele traz bateria" dizia a pequena. Cantaram algumas canções do novo álbum (que roda muitas vezes cá em casa) e um casal da fila de frente, virou-se para trás com um sorriso. Eu estava claramente contente pelo comportamento atento dos meus filhos até que, no espaço de 3 milésimos de segundo, declararam guerra. Voaram casacos, pontapés e tentativas de arranhadelas. O sono era mais que muito e a situação ganhou contornos complicados até que o Manel tocou "ainda não acabei" e os ânimos serenaram.

A meia hora do final do concerto, os meus filhos cederam ao peso do cansaço e das pálpebras. 
Hoje de manhã, a primeira a levantar-se foi a mais nova. Veio cheia de energia a relatar os acontecimentos do dia anterior. Pergunto-lhe o que ela gostou mais do concerto do Manel Cruz (cá em casa somos todos fãs) ao que ela me responde, fazendo a seguinte observação:

- Ele tem um umbigo pequenino.
(sim, ele tirou a t-shirt, como é habitual, e a maior parte do concerto tocou em tronco nu, o que não foi nada mau de se ver, digo-vos já...)

E a minha filha é uma observadora nata.


terça-feira, 18 de junho de 2019

Quando o meu filho de 7 anos descobre o que eu ando a ler...

...e pede, no expoente máximo da malandrice, para ler o título em voz alta….
Eu, primeiro, fico sem resposta mas acabo por autorizar uma leitura (implorando a todos os santinhos que ele nunca mais se lembre desta palavra, mesmo sabendo que isso é absolutamente irreal).


segunda-feira, 17 de junho de 2019

Eu sabia que, quando lá chegasse, eu seria capaz de falar.

Subi mais um lanço de escadas. Levava comigo um saco cheio de intenções. Eu sabia que, quando lá chegasse, eu seria capaz de falar. Sabia-o como se de um procedimento cirúrgico se tratasse, sabia-o tal como sei a hora do meu nascimento e o meu índice de apgar. Sei-o, porque treino. Treino-o compulsivamente. “São estratégias que enganam as doenças da memória”, disseram-me um dia em que me esqueci de comer. Comecei a treiná-las nas horas em que a noite adormece, para além da janela do meu quarto. Não hei-de morrer sem saber quem eu sou. Penso e repito para dentro, para que todos os meus órgãos internos ressoem esta ideia e me obedeçam. Acendi um cigarro a meio da minha escalada íngreme. As escadas pareciam não ter fim. Testo o meu pulmão ao limite. Canso-o e cedo por breves segundos. O meu encontro está para breve. A ideia do meu encontro serve-se de mim. Repudia-me pensar na dependência física das palavras. Mas não desisto, não agora. E o agora já tinha durado tanto tempo. Não conseguia esperar mais. Eu sabia que, quando lá chegasse, eu seria capaz de falar. Sem corrimão, e já numa altura desconfortável, padeço de alterações no sistema labiríntico e quase desisto. Quase fui traída pelo meu próprio ouvido. Talvez fosse o medo a proteger-me de ouvir. Que estranha perversidade do medo. Em vez de parar e descer, aumentei a velocidade dos meus passos. Agora, era a pessoa que corria a subir as escadas. Corria como se estivesse a dar o meu melhor numa prova de esforço. Ridícula.  Mas o meu foco era o encontro. O vislumbre daqueles breves segundos em que eu falaria, suportavam qualquer débito doloroso de oxigénio.  Eu sabia que, quando lá chegasse, eu seria capaz de falar. Chego. Senti as mãos dormentes e, como se não fosse suficiente, todos os movimentos do meu corpo, estavam entorpecidos e atrofiavam toda a minha suposta espontaneidade. Resolvo o problema com a minha imobilidade vertical. Preciso que os músculos se alinhem e me devolvam a identidade. Devolvo-me. Dou três passos e encontro-o. Finalmente, a espera terminou. Olho-o e percebo. A coragem ficou nas escadas, assim como o saco cheio de intenções. Esse, perdeu-se durante a corrida.  Sucumbo ali aos seus pés e morro por dentro, muda.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Conversas com os meus filhos

(Enquanto víamos o noticiário desta manhã)
O mais velho, lendo os títulos em rodapé, comenta:
- Espero bem que não apareça o Donald Trump!
A mais nova pergunta-lhe:
- Quem é o Donald Trump?
O mais velho, responde:
- É um palhaço assassino.
(ainda não consegui perceber onde foi ele buscar esta ideia)
É parecido?
(retirado da net)

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Aviso já, que o post é grande como tudo! (rescaldo da ida ao Preço Certo e não só)


Não faço parte da geração aficionada no programa do Preço Certo. O primeiro programa que vi foi ontem e in loco. O Fernando Mendes pareceu-me uma pessoa genuína, cheia de humor e boa disposição e isso, na verdade, é contagiante. 

Para mim a experiência de ontem teve algumas peripécias e, prometida a minha análise, aqui vai:

De forma bruta e crua, são nada mais, nada menos que 7h30 dentro do mesmo local, com as mesmas pessoas…a ser ensinados como e quando devemos bater as palmas…A ir para ali e depois sair e outra vez, tipo animais de circo (cujas práticas de adestramento eu abomino).  Dentro destas circunstâncias, existiam verdadeiros fãs, a vibrar com toda a energia criada por entre câmaras, luzes e o famoso Betão que está ali com a função de animar e entreter as pessoas.

Bom, quanto a mim, ainda não tinha entrado à porta do estúdio e matei um moscardo gordo e doloroso com as minhas próprias pálpebras. O sacana entrou vivo, mordeu…irradiou todo o meu globo ocular de rosácea e, depois, lamentavelmente foi retirado já inanimado, fruto de muitas piscadelas e água corrente. 

Na sala de espera, existiam vários grupos, tal como aquele onde eu pertencia. Mas havia um especial. O remunerado. Estavam bem vestidos e cheirosos (ao contrário de todos os outros que já traziam quilometragem nos músculos e algum [muito] suor à mistura), receberam vales. Ficaram visivelmente satisfeitos e seguiram para o programa da Tânia Ribas de Oliveira. Segundo, uma conversa que acabei por ouvir  entre duas colegas do público desse programa: “Já recebemos do programa da manhã de hoje”. Pelo que apurei, passaram o dia inteiro a assistir a programas. Não critico, apenas me faz pensar.

Gravámos um programa e aparecemos no direto. Ao meu lado estava um senhor chamado Alberto. Estava ali pela primeira vez, tal como eu. Contou-me em 7 minutos a história da sua vida. Órfão de mãe aos 4 anos, rejeitado pelo próprio pai  aos 7 anos.  Andou em “casas de patrões” a trabalhar, casou e teve 5 filhos. Criou um neto, agora com 18 anos e ofereceu-lhe a carta e um carro, tudo à custa do seu trabalho. Reformou-se aos 60 anos. Segundo ele, teve sorte. Gostou de mim, segundo me confidenciou. 7 minutos apenas e a partilha desta história foi imensa. Sem preço ou tempo, de uma generosidade incrível.

A responsável do nosso grupo jogou mas não foi bafejada pela sorte e no final, o sentimento era ambivalente. Ganhar era o nosso foco. E não ganhámos nada. Os prémios viriam para a nossa instituição. A causa que nos moveu aquelas 7h30 era nobre. Mas a sorte tem destas coisas.

Seguiu-se uma visita íntima ao Santo António pelas ruas de Alfama, Vila Berta, São Vicente, Graça, Mouraria… tudo isso com um propósito: enaltecer uma das coisas boas da vida, os amigos. Mas o frio e o vento nessa noite nos bairros de Lisboa era cortante e maquiavélico e eu, acabei por pedir um “café da avó” (muito comum na minha zona e em festas populares, devo-vos dizer!). O produto não é comercializado nas tascas da capital e eu fiquei envergonhada (só um bocadinho). Encontrar algo vegetariano por ali também não foi fácil, mas a prova foi superada: empada de espinafres e cogumelos, a contrastar com as sardinhas e caracóis que os meus amigos comiam. 

No final, a cereja no topo do bolo: parque de estacionamento (onde o meu veículo arrefecia e esperava ansiosamente pela condutora e suas companheiras de bordo) estava fechado. Os cenários daquela ideia avultavam-se e entorpeciam-me a minha racionalidade. Felizmente, há sempre alguém com capacidade de desenvolver novos cenários e possibilidades. Encontrámos nova entrada (desta vez aberta) e lá conseguimos sair sãs e salvas. Chegada a casa e ainda, a sentir o sangue pulsar e a contar as horas a menos que eu iria dormir, o sono tranquilo dos meus "mais que tudo" reinava por toda a casa, num silêncio enternecedor. E eu agradeci a dádiva a que os meus olhos cansados assistiam.



terça-feira, 11 de junho de 2019

domingo, 9 de junho de 2019

A menina das formigas.

Não, não cresci depressa demais. Conjugo o verbo brincar em todos os tempos e associo-lhes memórias, imagens e sensações de forma imediata. Gosto de rir sem razão, mesmo que isso à minha volta cause estranheza. Compadeço-me sempre com o vaguear de um animal abandonado. Tento arranjar um escudo mental que me proteja da informação do mundo que chega até mim. No entanto, sem grande eficácia. Impressiono-me com histórias felizes e, logo, o vislumbre da humanidade surge, aligeirando tudo o resto.
 Arrepio-me com a música. Todas as células do meu corpo vibram com a melodia tatuando na minha pele, de forma perene, os decibéis de uma voz humana. 
Tenho dificuldade em viver o tempo devagar. A velocidade é o um dos meus problemas. Em pequena, era a menina das formigas. A menina das formigas passava o tempo quente com toda a paciência que, a perícia de colocar torrões de açúcar dentro dos formigueiros, o exigia. O tempo não era um problema para esta menina. Esta menina acreditava que estaria a poupar as formigas de um cansaço extremo. A menina das formigas não imaginava que poderia estar a determinar um destino fatídico para aqueles formigueiros. A menina das formigas sabia abrandar. Às vezes, quero encontrá-la, pedir-lhe que me discipline no meu espaço, onde o meu eu agora subsiste. 
E ela vem. 


sábado, 8 de junho de 2019

Qual a probabilidade de...

...ter queimado o céu da boca com o café da manhã, logo a seguir ter a infeliz ideia de usar o secador para aquecer uma tira de cera depilatória e usá-la quente no buço (três camadas pastosas de biafine ainda não disfarçaram o problema) e ainda, deslizar em soalho de madeira lembrando que também os gluteos e o cóccix são partes do corpo dolorosas...tudo isto entre as 7h30 e as 8h da manhã? 
A probabilidade de que tudo é possível com a mamã iogurte. 
Hoje, em franca convalescença.
Isto poupava imenso trabalho.
(Retirado de: https://www.vortexmag.net/10-ideias-erradas-que-os-estrangeiros-tem-sobre-os-portugueses/)

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Conversas com o meu filho

- Mamã eu nunca me vou casar! Quero viver nesta casa para sempre!
- Queres viver nesta casa com os papás? pergunto.
- Não. Quando forem velhos vão viver para o lar.
(cara com um misto de espanto e desilusão)
- Mamã, então mas vocês não se importam pois não? É que quando tiverem alzheimer é melhor irem, está bem? Não fiques triste!
E eu não fiquei (quer dizer só um bocadinho).
Imagem retirada da net

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A Aparição.

Ontem acabei a minha "incursão" pela "Aparição" de Vergílio Ferreira. Nunca tinha lido, aliás, não me lembro de ter feito esta viagem literária no 12 º ano (na minha altura era obrigatório...provavelmente devo ter lido apenas o resumo) e se a tivesse feito com 17 anos, penso que não teria dado o devido valor a esta obra. Nessa altura, era demasiado imatura e pouco humilde para ler e reler frases vezes sem conta à procura de um sentido, de um entendimento do que as palavras me estariam a dizer. Agora, os meus 3 ou 4 cabelos brancos (nem me olho no espelho com pormenor, com receio do aumento da contagem) sempre fizeram a diferença. Fico com aquela sensação de que estou munida de estratégias existencialistas para lidar/pensar com e sobre a morte. Pelo menos tentar vê-la sobre nova perspetiva. Mas a realidade, lembrou-me que  não passa de uma sensação pois, na semana passada, a morte saiu à rua impiedosamente a uma jovem de 27 anos (que eu conhecia) e nada de filosófico lhe encontro. Apenas, a ideia trágica que num segundo tudo muda de uma forma completamente irreversível.




(À estrelinha que foi brilhar cedo demais, aqui fica a minha "aparição" e o desejo que brilhes sempre na memória de quem fica para te lembrar)

terça-feira, 4 de junho de 2019

Conversas com os meus mestres

O calor tem apertado e não há calças de ganga que se aguentem, por isso, ontem fui trabalhar de vestido [sempre que alguém no meu trabalho resolve vestir saia ou vestido, ninguém passa despercebido aos olhos dos nossos mestres]. 
Passava tranquilamente no corredor, após toque de campainha quando fui interpelada por um dos mestres que, normalmente, são dos mais atentos às mudanças de visual do género feminino.
- R.R. olha as tuas pernas!
- Sim, hoje faz muito calor T. e, por isso, achei que era boa ideia! 
- Boa ideia não, o T. quer mexer nas pernas das meninas bonitas.
[seguiu-se a forma pedagógica com que resolvi o assunto]
- Mas a RR não é menina bonita.
E o T. saiu a rir.
Igualdade de direitos!

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Mamã iogurte, ou melhor, "Marie Christine"

Estávamos em 1919 e "Marie Christine" foi o meu personagem deambulante que andou pelas ruas fora, este fim-de-semana. Uma senhora de respeito que esteve emigrada em França e se apaixonou por um soldado português que por ali passou, após a I Guerra Mundial. Embutida pelo amor à primeira vista veio para Portugal para reencontrar o seu soldado, mas nunca o conseguiu fazer. Desiludida com o rumo da sua vida, inscreveu-se numa agência matrimonial, "Matrimonial Club of New York" do Porto. Era descrita com um dote de 300 contos, falava línguas e ainda que tinha muitos bons conhecimentos práticos sobre as lidas domésticas! Um bom partido, não havia dúvida!
Há 100 atrás, esta agência era o mais próximo daquilo que hoje é conhecido como o tinder (aplicação de encontros).
Devo-vos dizer que nenhuma das agenciadas que vaguearam e palmilharam as ruas estes dias arranjaram par. Casamentos vantajosos era o que os nossos agenciadores apregoavam e mesmo assim, ninguém fechou negócio connosco!
Aqui fica o registo da mamã iogurte, ou melhor da "Marie Christine" e os seus parceiros do crime! 




sábado, 1 de junho de 2019

Ele há coisas estranhas!

Todos os dias o feed do meu Facebook mostra-me em jeito de post's patrocinados novos produtos no mercado chinês. Ora, hoje fui presenteada com estas "meias carne". Um mimo, portanto. 
[Alguém avise a rede social que esta mamã iogurte não come carne e que isto é tudo menos fixe, pleasseeeeeeeeeeee!]

sexta-feira, 31 de maio de 2019

MARGEM

Ontem fui ver "MARGEM" do Victor Hugo Pontes, uma coreografia premiada pela SPA (Prémio Autores - Melhor Coreografia, 2019), baseada no livro os "Capitães da Areia" de Jorge Amado. Conheço o Victor Hugo de outras andanças e adoro o trabalho que desenvolve. 
É um génio da criação!
Passei o espetáculo todo com os pelos eriçados, a pele arrepiada e aquela sensação que tudo o que eu via se metia dentro da mim e me transformava ali, naquele espaço e tempo.
É tão bom quando a arte nos transforma.



quinta-feira, 30 de maio de 2019

Às vezes, ser mulher é uma treta! [digo eu]

Planet Prudence é uma ilustradora belga e, deixem-me que vos diga, desenha muito bem, principalmente as cenas complicadas que surgem na mente de uma mulher [o que às vezes é uma chatice].
Ao público feminino deste iogurte, conseguem ver-se nalguma destas situações? Aos do género masculino...vá não castiguem [eu sei que podemos ser muito complicadas]! :)




quarta-feira, 29 de maio de 2019

O peso de um segredo.

Quando alguém te entrega um segredo com remetente, daqueles cheios de halteres, adocicados com o veneno da realidade, que pensamos que só existe em antítese nos outros e, esses outros [pensamos nós], são sempre aqueles que nos parecem mais longe, és de imediato atingido por um vento ciclónico que te devolve a sensação de um frio gélido num dia muito quente.
Assistir à verdade póstuma de um tempo se assume como intemporal? Confuso? Sim.
Lobotomia, diria eu em pânico. Amnésia forçada, diria eu mais calma. Suportar, como se de uma sociedade se tratasse, o peso das palavras arcando sem precedentes os lucros e prejuízos deste tipo de empresa?
Não tenho outra hipótese.
Foto de Gilbert Garcin.