Naveguem por este mundo sem validade!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

1º episódio: Peripécias de ser casada com um Micael Carreira!


Atualmente em casa, no período diurno, apercebo-me da epidemia de telefonemas a propor vendas de seguros de saúde, informações de rastreios de osteoporose, entrevistas e questionários de satisfação, novos operadores de televisão e telemóveis, etc, etc...  Imagino o que a malta reformada, doente ou que está simplesmente em casa tem de levar todos os dias! 
Enfim..uma pessoa tenta ser educada para dizer que não está interessada mas, às vezes, a insistência é tanta, que se perde o "politicamente correto" num ápice!
Ligar a T.V ou atender o telefone?....hummmm....


Bom..isto tudo para vos contar como é ser casada com o genuíno e verdadeiro Micael Carreira à luz destes telefonemas! Tudo começou com próprio M.C. que me está sempre a incentivar a "brincar" com estas situações, pois ele adora fazê-lo. A sua frase mais popular é: "eu sou muito pequenino e a minha mãe não está em casa!" (...imaginem esta frase numa voz de homem adulto...é hilariante presenciar!). É um verdadeiro mestre na relação com os call center.
With you may the force be.

 Desta vez...fui eu que dei asas à minha imaginação!

O telefone tocou. Chamada anónima. Atendi. 
"Bom dia, é da casa do Sr Micael Carreira?"
"Sim é. Quem deseja falar?" 
"Daqui é de uma empresa de seguros. Ele está?"
"De momento não. Está em digressão no estrangeiro."
Tão "jeitosinho".....! (ou no dicionário do meu pai "tão galhardinho"!)

Do outro lado a senhora pausou em silêncio. E eu tentava não rir descaradamente mantendo determinada a não perder a postura desta inofensiva "verdade que se esqueceu de acontecer", como diria Mário Quintana.


"Qual seria então o momento mais oportuno para entrar em contato com ele?"
"Olhe não sei quando volta. Sou aqui a governanta e ando só a fazer limpeza." - neste momento todas as minhas vísceras se tentavam controlar para não revelar a minha verdadeira identidade.
Mais ou menos parecida com esta.


Nova pausa de silêncio.
"Ligo então noutra altura. Obrigado."






quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Às vezes não sei o que passa pela cabeça das pessoas…!

Hoje depois de deixar o V. na escola, uma senhora dos seus 75 anos põe-se à frente do meu carro e manda-me parar no meio da estrada.

Era assim uma senhora parecida com esta!

Naquele momento, tudo me passou pela cabeça…desde a senhora está a ter um enfarte e está a aperceber-se e quer que chame a ambulância ou magoou-se e não tem como pedir ajuda e ainda me lembrei que, porventura, ela me conheceria e me iria pedir boleia para algum lugar… Afinal, pedir boleia é muito comum nas minhas redondezas. Por falar em boleia, fez-me lembrar a G.

Este ford sim...este é que dava boas boleias!

 A G. é uma daquelas pessoas que conhecemos desde sempre! Foi minha vizinha durante anos (atualmente a viver num lar de idosos), é solteira e tem uma hemiplegia resultado de uma meningite quando era bebé (havia quem lhe chamasse a "coxa"). Este problema nunca foi maior que ela própria! Não deixava que a vissem como “coitadinha”, pois sempre foi reivindicativa, determinada e de opiniões próprias! (acabei de escrever um ótimo eufemismo pois, na maior das vezes, preferíamos descrevê-la como: “caramba que é ruim!”)

Gosto de pensar nela assim: com uma costela de Che!

Como não conduzia, era muito comum pedir boleia para a vila (situada a 1 km). Mas acontecia sempre alguma coisa nas viagens e, na maior parte das vezes, fazia exigências ou tecia comentários menos simpáticos! Apesar disso, mesmo sabendo das suas “particularidades”, ninguém lhe negava os seus pedidos! Por exemplo, nunca a podia deixar perto do local do destino (assim as pessoas ficariam a saber com quem ela tinha ido…vá-se lá saber qual era o problema, mas pronto!), não podia contar a ninguém e tinha de aceitar uma moeda, pois ela “não queria ficar em obrigações”.
Era mais ou menos isto.

Ora um desses dias em que ela me esperou para pedir boleia para Fátima,, íamos nós a ouvir rádio quando parei numa loja de rações de animais (ah…e não a informei antecipadamente do meu plano). Disse que demorava 5 minutos e quando voltei esperava-me um verdadeira tragédia (como aquelas que vemos nos filmes!)

"ohh Jack!"

A primeira coisa que me disse mal entrei no carro (lembro-me como se fosse hoje!) foi: “Estragas-me a minha vida! Páras sempre em todo o lado! Isto é que é uma mer...! A que horas chego à Cova de Iria?”…Eu fiquei tão irritada com esta reação que, mesmo tendo como educação de base nunca desrespeitar os mais velhos, lhe disparei o míssil: “Queres ficar a pé G.?” E pronto. Deixou de falar comigo durante meses!

A minha primeira opção era o Ruca, só para que conste. Mas, na hora, eu fiquei mais tipo "Stewie". 


Voltando à minha indignação inicial e ao que me levou a escrever sobre o que se passa na cabeça das pessoas ….a dita senhora pede-me, então, para abrir o vidro e diz-me:
“ò nina, há pra aqui um chinês, não há?...é que eu queria comprar panelas!”
Tem tudo a ver.

…..

Certo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"Ah...pois não!"


Ainda que tenha apenas 33 anos, os mais velhos diriam: ”xxiiii tão nova….” 
(ok?.. pelo menos gosto de pensar que seria esta a primeira linha de pensamento em vez de, “xxiii, tantas rugas de expressão! ”) já passei por alguns episódios e situações constrangedoras. Situações tão estranhas como a dança de acasalamento de uma avestruz… 
(não se percebe bem o objetivo da ave, mas das duas uma: ou resulta num desembarque da Normandia ou num valente torcicolo!)





Por falar em situações estranhas, aqui vai a minha história!... 


Há alguns anos atrás colaborei numa piscina municipal onde dava aulas de natação para bebés. Numa das turmas tinha um aluno chamado Dinis, que vinha às aulas com o pai. O miúdo era um querido! Quase sempre trazia novidades para contar…dava sempre imensos beijinhos e adorava estar ao meu colo.


Curiosidade: Ao que parece esta rã (breviceps) não gosta de água! Não sabe nadar e se cai na água afoga-se. É sempre bom saber....



Numa das aulas, o Dinis veio para o meu colo (como era habitual) enquanto eu explicava um exercício ao pai, quando o miúdo com pouco mais de 2 anos, resolve puxar o meu fato de banho para baixo e mostrar literalmente as minhas queridas “Odete Santos e Ferreira Leite” (…foram batizadas há 3 anos quando o V. nasceu)!
De frente: Odete à esquerda e Ferreira Leite à direita.


Ora, o pai do Dinis congelou, ficou alguns segundos sem pinga de sangue... fazendo-me lembrar aquele senhor da iguana na careca do “Agora ou Nunca”, da SIC!


A minha reação foi imediata! Num movimento ultra rápido, tipo flash, coloquei as amigas de imediato no “parlamento” e senti o que se chama, na versão chique, um rubor facial.


"Então cachopas?! Já para dentro!"

De olhar compassivo e puritano, numa aparente calma, o pai do Dinis resolveu justificar o comportamento do filho, como se fosse necessário "bater mais no ceguinho"...dizendo o seguinte:



“Ò Rita desculpe…eu não vi nada!"
Ehehehehehehe!!

"O meu Dinis deve tê-la confundido com a mãe que também se chama Rita tal como a sua educadora de infância. Três Ritas deve ser muito confuso na cabeça dele! Mas eu não vi nada! Fique descansada”


Naquele momento…só me ocorreu pensar…














"E esta hein?"

Cá em casa, a dose de cortisol de manhã está sempre a rebentar pelas costuras…com um pico maternal na hora de descer para o carro e ir para a escola! O meu querido V.  é especialista doutorado em arranjar desculpas e estratégias para adiar a ida para o jardim…A meio gás, muitas vezes, com noites mal dormidas, torcicolos e dores de cabeça não é fácil arranjar argumentos para convencer o petiz de 3 anos que a escola é importante e é melhor do que ficar em casa a ver a “idade do gelo 3” e andar de trotinete…até porque, ele sabe que a mãe ainda não está a trabalhar pois está  em casa a tomar conta da mana de quase 4 meses…Por vezes, é uma luta inglória! Ora bem….hoje surpreendeu-me com uma nova tentativa!

Depois de uma noite de intensa comichão provocada por um malfeitor anónimo que o picou na sexta-feira e que organizou um grande festival na pele dado pelo nome: “prurigo estrófulo”, o V., depois de todas as tarefas compridas….dentes lavados, roupa vestida e papa Nestum (muito dura…tipo cimento cola) na barriga, eis que pede para levar o Winnie the Pooh para a escola!
Malfeitor anónimo?!


O Pooh é um amigo de longa data…dorme de vez em quando na sua companhia e agora tem diálogos interessantes com um  braquiossaro simpático que lhe diz: “vamos esconder-nos do fantasma e fazer-lhe uma armadilha…! ” (conseguem imaginar o pachorrento Pooh que só pensa em mel a conversar entre rugidos assustadores, com um extinto, mas não menos engraçado dinossauro?...tudo é possível…)…com certeza, seria um excelente argumento para uns desenhos animados ao estilo do Vasco Granja!
"Bora lá fazer uma armadilha?"


Descíamos as escadas em direção ao carro…sem birras ou gritos… e enquanto, levava a C. no ovo que estilo Maggie Simpson dormia tranquilamente, pensava para comigo “epá…isto hoje está mesmo a correr bem...”quando o pequeno me surpreende dizendo: “mamã, hoje sou o papá do Pooh. Ele está a chorar porque não quer ir à escola!” e eu respondo o que costumo dizer ao próprio V. “é melhor dizeres ao Pooh para fazer as birras agora, para não perdermos tempo na escola!”…e o V. acrescenta: “não mamã…ele não está a fazer birra nem a chorar!... Mas tive uma ideia! Como eu sou o papá do Pooh e tu és a minha mamã..somos os dois papás, vamos deixá-lo na escola e  depois voltamos os dois para casa!”…

“E esta hein?....” Diria o Fernando Pessa…
"E esta hein?!"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Hoje dirigi-me ao frigorífico para me deliciar com um iogurte..(magro, pois claro!..ora, mãe pela segunda vez há 3 meses não se pode facilitar!)..quando observo que  a validade do dito alimento, já terminou há mais de 2 semanas!...Como foi isto possível?....
Bom, aqui em casa esta evidência é recorrente e continuo sem perceber bem porquê! Talvez fosse mais fácil entender se o frigorífico não fosse um dos objetos de eleição cá de casa ou se não o abrisse, pelo menos, 7 vezes ao dia...
Despistada, eu?..Pronto, assumo! Mas, atenção, alego em minha defesa, que há quem diga que depois da segunda gravidez se demora mais tempo a repor a carga energética dos neurónios responsáveis pela memória ou talvez esteja a reagir a uma pequena, mas mesmo muito pequena (é assim que gosto de acreditar pois sou uma pessoa de fé!) falha elétrica, obviamente muito fácil de reparar... Quando estas explicações não cobrem, nem justificam o fenómeno, coloca-se a culpa ao cônjuge, dissertam-se umas quantas teses de mestrado de responsabilidades domésticas e afins e não se chega a nenhuma conclusão, pois mais cedo ou mais tarde, vai voltar a acontecer!..
 Na cabeça do meu filho V. de 3 anos, quando alguém estraga comida, as consequências são muito óbvias e não lhe deixa qualquer dúvida sobre a atitude a tomar! Assim, de acordo com a sua balança  de valores entre o bem e o mal,  iria, com certeza, dizer-me: " vais pensar na vida", pois segundo ele "não há castigos há pensamentos"!...
......
Pois então será isto que eu vou fazer!