Naveguem por este mundo sem validade!

sexta-feira, 31 de maio de 2019

MARGEM

Ontem fui ver "MARGEM" do Victor Hugo Pontes, uma coreografia premiada pela SPA (Prémio Autores - Melhor Coreografia, 2019), baseada no livro os "Capitães da Areia" de Jorge Amado. Conheço o Victor Hugo de outras andanças e adoro o trabalho que desenvolve. 
É um génio da criação!
Passei o espetáculo todo com os pelos eriçados, a pele arrepiada e aquela sensação que tudo o que eu via se metia dentro da mim e me transformava ali, naquele espaço e tempo.
É tão bom quando a arte nos transforma.



quinta-feira, 30 de maio de 2019

Às vezes, ser mulher é uma treta! [digo eu]

Planet Prudence é uma ilustradora belga e, deixem-me que vos diga, desenha muito bem, principalmente as cenas complicadas que surgem na mente de uma mulher [o que às vezes é uma chatice].
Ao público feminino deste iogurte, conseguem ver-se nalguma destas situações? Aos do género masculino...vá não castiguem [eu sei que podemos ser muito complicadas]! :)




quarta-feira, 29 de maio de 2019

O peso de um segredo.

Quando alguém te entrega um segredo com remetente, daqueles cheios de halteres, adocicados com o veneno da realidade, que pensamos que só existe em antítese nos outros e, esses outros [pensamos nós], são sempre aqueles que nos parecem mais longe, és de imediato atingido por um vento ciclónico que te devolve a sensação de um frio gélido num dia muito quente.
Assistir à verdade póstuma de um tempo se assume como intemporal? Confuso? Sim.
Lobotomia, diria eu em pânico. Amnésia forçada, diria eu mais calma. Suportar, como se de uma sociedade se tratasse, o peso das palavras arcando sem precedentes os lucros e prejuízos deste tipo de empresa?
Não tenho outra hipótese.
Foto de Gilbert Garcin.


terça-feira, 28 de maio de 2019

Eu, definitivamente, não fui feita para isto.

Uma das minhas amigas do coração vai casar no mês de junho. Amigas do coração merecem o nosso melhor traje, certo? 
A propósito desse evento, ontem depois da escola fui com minha cria mais nova ver umas montras. Coisas de gajas. A pequena ia toda entusiasmada, pois se a mamã dela experimentasse roupa, ela poderia brincar dentro dos vestiários.
O roteiro incluiu apenas duas lojas. Na primeira, experimentei apenas um vestido cujo resultado, se pode traduzir na seguinte descrição de imagem:
Um saco de batatas daqueles de serrapilheira, com aspeto muito amarrotado.
[nada abonatório das minhas curvas e, portanto, com ligação direta ao suicídio da minha auto-estima]. Desisti de imediato e sai de lá numa velocidade super sónica.
Na segunda, a disposição da montra parecia indicar ser uma loja amiga da minha carteira. Ressalvo a minha interpretação, acrescentando alguns pormenores. A montra continha cuecas e meias [conseguem visualizar, certo?] que se encontravam amontoadas como se de uma feira se tratasse [nada contra as feiras!]. Entrámos. A senhora da loja ofereceu ajuda. Eu disse que procurava um vestido. Ela respondeu 'esteja à vontade'. E eu fiquei. Comecei à procura de padrões com que me identificasse e selecionei um alvo. Determinada e confiante, agarro no vestido e digo:
- Gosto deste. Posso experimentar?
- Olhe, mas isso é uma camisa de dormir.
[envergonhada, mas não querendo dar a parte fraca para fugir logo daquele embaraço, ainda olhei para o resto da loja e verifiquei que o preço de todos os vestidos passava dos 150 euros. Porra!]
Tinha mais ou menos este padrão.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

domingo, 26 de maio de 2019

Kamasutra para casados...[cuidado ao abrir]

...o manual mais menos erótico de todos os tempos!







[para os interessados, o livro chama-se: "The Married Kama Sutra" de Simon Rich e Farley Katz]

sábado, 25 de maio de 2019

Epifania!

Uma miúda, com 38 anos (que por acaso sou eu), que tem dias tramados em que dorme pouco (culpa dos seus próprios pensamentos que tem um despertador que acorda a horas impróprias e a mantém acordada durante as noites) ontem, após mais uma noite de teatro, resolve ir com os seus colegas para um convívio em sã camaradagem. Música ao vivo num bar das imediações foi a nossa escolha. Quase chegava a casa na hora do padeiro, mas estava tranquila. As crias dormiam na casa dos avós, era uma noite para aproveitar para dormir, pensava eu. 
Estava enganada.
O meu corpo resolveu acordar à hora do costume. O gajo é dado a hábitos. Não curte a cena de se fundir em sonhos e desconhece os analgésicos do sono profundo.
 Três horas volvidas de um cabrão de sono nada reparador, levanto-me. Tenho xixi.
 [maldita sejas, cevada fermentada com lúpulo!]
Nem comento.


sexta-feira, 24 de maio de 2019

Alguém interessado?

Hoje de manhã, a google lembrou-se de me mostrar as novidades no mercado chinês. 
Aqui estão:
Ideal para quem não gosta de se levantar a meio da noite.
Ah...e está em promoção!

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Se dói cura.

Rasgo-me, mas o meu corpo parece incólume. Retenho em mim as marcas que a pele não me permite que esqueça. Danço para baralhar os sentidos, mas termino onde comecei: no silêncio da minha acinésia. Espero no cume do meu pensamento, que a calma retorne satisfeita com o meu exercício. Aceito-a inquieta e adormeço por cima do cotovelo esquerdo que agora dói.
Se dói, cura.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Conversas com meu filho mais velho

Hoje, o meu filho mais velho vinha da escola  visivelmente triste.  Antecipando-se a qualquer pergunta minha, esclareceu:
- Empurraram-me sem querer e eu caí com a mão e fiz esta ferida.
- Desinfetaste a ferida? - perguntei, preocupada.
- Sim. E, sabes... chorei nos pensamentos.
- Como?
[pergunto, para ver até que ponto ele percebia o encontro de palavras que me estava a descrever]
- Pensava em como eu queria que estivesses perto de mim e nesses pensamentos chorava por não te ter.
[depois disto e mesmo após ter assinado um recadinho da professora, relativa ao comportamento, mais concretamente "o aluno interrompeu muitas vezes a aula", o meu coração ficou parado no momento em que se magoou. <3]
in "Coração de Mãe". Ilustração de Bernado Carvalho.

Não era só uma árvore.

Até quando vamos fingir que não vemos isto?

terça-feira, 21 de maio de 2019

Ohhh...a "Guerra dos Tronos" já acabou...

...e eu não vi [ovelha negra no mundo das séries, eu admito].
Tenho a certeza de que alguém irá perceber isto. 
Abraço a todos os meus amigos conhecidos e desconhecidos "Guerra dos Tronos- Dependentes". Estou convosco na vossa dor [podem sempre ver a Grey's Anatomy, que essa ainda não acabou].

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Vai ficar tudo bem.

Vai ficar tudo bem. Repito vezes sem conta, na esperança de que a minha voz se progague em eco, dentro do meu estomâgo vazio. Vai ficar tudo bem. Repito vezes sem conta,  na esperança que a vibração das ondas sonoras me adormeça. Mas o tempo esconde-se de mim. A minha voz deixou de se ouvir e agora, afago os lençóis como se de um ser maior se tratasse. Humanizo-os na esperança que me devolvam o tempo e o transformem em moléculas de oxigénio para que o possa respirar.
Vai ficar tudo bem.

domingo, 19 de maio de 2019

Fico.

Acordo às 5h da manhã. Tem vindo a ser um hábito comum. Protesto internamente e, provavelmente, até a cor dos meus olhos muda [imagino-os vermelhos], tal é a minha zanga com a incapacidade do meu corpo sucumbir aos prazeres da horizontalidade. A necessidade frenética de dedilhar letras é o passo seguinte. Coloco os fones. "People and I" do Benjamim Clementine é a minha escolha. Ofereço gentilmente diopetrias ao tão aclamado orgão que prefere manter-se ligado, quando eu apenas só o queria desligar. As imagens mentais surgem disparadas em catadupa. Não tenho falanges que acompanhem e resigno-me a um silêncio de movimentos. Espero. Lá fora, dois gatos vizinhos vêm à janela, procurar alimento. Da chaminé do exaustor ouço pássaros em sonatas impiedosas e, voos atrasados de mães noctivagas que ainda não chegaram ao ninho. Elas irão chegar, eles irão sobreviver e eu não tenho como os acalentar. A dose exigida pelos gatos vizinhos é colocada. O frio fere o meu couro cabeludo e um arrepio lembra-me que uso roupa insuficiente para aquilo que a natureza me faz sentir. Recolho o esqueleto para lugar quente e seguro. Nenhum carro passou ainda. Apenas um senhor carregando uma máquina de envenenar as ervas. O veneno da terra. Vejo-o e deixo passar. Assisto serenamente a esta ideia de um futuro negro e passo à frente. Sou uma cobarde. Sucumbo aos prazeres que a melodia me permite e fecho os olhos. Entro num mundo paralelo, pela porta mais pequena que se possa imaginar e fico. Fico.
O meu mundo paralelo.
Ilustração de Shanghai Tango. 

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Existirá um certo charme...

... na malta [essencialmente do género masculino], que se senta, confortavelmente, em qualquer banco ou cadeira e não se importa de mostrar  o parquímetro?
retirado da net
É que, caramba, mesmo que eu não queira, os meus olhos parecem enfeitiçados por uma espécie de ritual negro e nunca descolam às primeiras [até parece que estou a gostar do que vejo, mas nãoooooooo!]

P.s. Aconteceu-me esta semana, numa missa comemorativa de um aniversário de uma instituição importante.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Falo-vos de coração sobre o coração...

...e o meu coração tem muitas formas. Ninguém me disse, eu sinto-o assim.
É redondo quando não quer parar de sentir coisas bonitas e confabula com o movimento circular até que algo o faça mudar novamente. É quadrado quando o obrigo a pensar antes de bater. Estranho, tê-lo de pôr a pensar. A maior parte das vezes, ele não me obedece e todo o meu esforço é inglório. No entanto, um esforço necessário. Há dias em que o meu coração tem forma de estrela. Aí, ele gosta de percorrer todo o meu corpo e sair disparado pela boca. Quando isso acontece, tenho de ter muito cuidado. Porquê? Porque o meu coração estrela tem 6 pontas afiadas e pode magoar quem, por ela for atingida. Mas, o estranho e o bonito pode acontecer em simultâneo e, o meu coração em forma de estrela, volta a transformar-se. Desfaz-se em pó e luz, acabando por trucidar cirurgicamente a escuridão que, às vezes, me contém. O meu coração é um mistério. Silencioso nos momentos ensurdecedores e barulhento em momentos de um desassossego frágil.
Sei que o meu coração gosta de música. Ele já me contou num dos meus sonhos impróprios para cardíacos. Ele mostrou-me a pauta. O deliquente bate em estrofes pautadas por ritmos quentes. Tem batido assim. E eu gosto que ele me acompanhe quando, no meio da multidão, só eu o consigo ouvir.  Somos um do outro. O meu coração é o meu corpo. O meu corpo é o meu coração. Eu tenho muitas formas, ele também. 
Falo-vos de coração sobre o coração, o meu.
O meu.
Também acontece, mas com menos frequência.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Só me faltam os pêlos e uma mandíbula do tamanho de um trator...

...para que, a miúda da escola da minha filha mais nova que disse "tu e a tua mãe são macacas" [de forma ofensiva após ter sido forçada por uma funcionária a ceder a sua vez no balancé à minha pequena C.], tenha razão.


Eu e a minha pequena C. num mundo paralelo.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Pára tudo...

....eu descobri este pérola musical no passado sábado dia 11 de Maio, pelas 21h45 e desde então, todos os meus pesadelos e insónias tem esta banda sonora (obrigada Kátia Aveiro és uma querida).
A profundidade desta letra e o significado subjacente às palavras é algo que ainda me deixa sem palavras (até me perco nos pensamentos).
É isto, por hoje.


segunda-feira, 13 de maio de 2019

O Tatuador de Auchwitz

Há muito tempo que um livro não me marcava tanto [era de esperar, eu sei]. A "Vida é bela" e a "Lista de Shindler", "O Diário de Anne Frank", entre outros... são filmes que jamais esquecerei [mas estavam guardados numa gaveta longínqua e quase não me lembrava deles]. Mesmo com dois filhos, uma gata e duas cadelas, a vida da casa e tudo o que isso acarreta eu li-o em 4 noites. Um record para mim! Não conseguia deixá-lo de lado ou mesmo ignorá-lo. Ele estava à minha espera, sempre que me deitava. Tínhamos um encontro diário. No final, parte de mim morreu com aqueles prisioneiros, parte de mim lembrará por mais tempo o que lá aconteceu. 
Obrigada à minha amiga A. que mo ofereceu.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

[Post impróprio para o género masculino]

Impróprio?
Sim [não digam que não avisei]. Pode causar distúrbios mentais, imagens deturpadas e ainda confusão mental. Mesmo assim, vão continuar a ler? 
Certo.
Então, um dia destes fui a uma farmácia. Na fila para ser atendida, estava uma octagenária com um problema íntimo. À sua volta, todos deram conta da sua situação. O silêncio era exímio e a atenção dos espectadores também.
"Tenho um problema nas bocas do corpo. Dá-me a coceira mais para a noite e parece que anda tudo picado pelas abelhas".
A farmacêutica, sempre atenciosa, pergunta:
"E notou algum corrimento com odor?"
"Não menina. Não cheira nada mal que eu sou muito lavadinha."
Após a quantidade de informação gratuita recolhida, mudei de balcão com imagens acrescentadas no espólio da minha mente.
A boca do inferno em Cascais.
[Uma imagem bonita para me redimir ao transtorno mental que vos possa ter causado.]

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Ainda me custa...refletir sobre isto!

Na sala de espera da Pediatria, o cenário da doença em tão poucos centímetros é desolador. Depois, sente-se o cansaço refletido nos olhos de quem cuida, a suplicar também cuidados. Apesar desta observação, à qual nunca sou indiferente, pois quando partilho este espaço partilho também estas dores, há algo que ainda me choca.
A tecnologia como curandeira de maleitas.
sem forma de conseguir aceitar isto.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Alguém de quem gosto muito...

...disse-me, em jeito de conclusão, após uma reflexão conjunta: "não nascemos para ser felizes, nascemos para sobreviver". E, hoje, foi esta a ideia que me assolou a mente, quando o meu despertador tocou. Dediquei 2 minutos a pensar nesta frase e, logo de seguida, todo o meu corpo anuiu:
Venha o cliché, o lugar comum das palavras, que eu não me importo. A ideia é sobreviver à ideia de ser feliz e consegui-lo, nem que seja por breves segundos de um dia qualquer.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Há 9 anos atrás, neste preciso 7 de Maio...

...eu estava em Londres numa formação de 5 dias [a única portuguesa/estrangeira insegura da gramática inglesa, com 1,65 no meio de tantas cavalonas com 1,80 m, tamanho XXL], visitei a cidade do lado fora [isso mesmo, do lado de fora] pois tive uma guia que assim o determinou [não vou falar sobre isto], o vulcão da Islândia acordou e eu fui tia pela primeira vez.
Tia! 
Agora com 9 anos constato que, orgulhosamente, a minha sobrinha M. partilha muitos genes comigo, mesmo que o meu irmão o lamente [temos pena!], para além de ter a cor dos meus cabelos, é muito criativa e representa e inventa histórias em qualquer ocasião!
Parabéns M.
[meu querido irmão, se a M. é a parecida comigo e eu sou a mamã iogurte, ela pode ser a sobrinha danoninho? :) Só, porque me parece lógico, é só por isso].
Este não precisa de frigorifico!

domingo, 5 de maio de 2019

Vamos falar da Belmira...

A Belmira foi a minha personagem do teatro durante algum tempo. Falo-vos dela com carinho, porque de certa forma, ela partilha comigo duas ou três costelas. A bem da verdade, lá no meu íntimo, devo admitir que a minha família reconhece nela traços autobiográficos o que, muitas vezes, não augura em meu favor [mas vou dispensar-vos desse tipo de pormenores]
Ora, para contextualizar: 
A Belmira é uma rola e é casada com o Ambrósio (outra rola). A peça retrata as peripécias do casal, as discussões do dia-a-dia e a viagem mirabolante onde embarcam, quando são pais. As discussões por coisas sem jeito nenhum são o mote para que a minha "Belmira" se arrependa do casamento a meio da peça. Recordo uma das suas passagens, após mais um momento de desilusão com o seu Ambrósio:
- Sai! Sempre a arranjar desculpas! Não sei onde tinha a cabeça quando me casei contigo! Eu deveria era ter casado com um pombo, ouviste?
(...)
Ora bem, era aqui que eu queria chegar. A última apresentação da peça decorreu esta noite, no Festival Extremus em Gaia e hoje de manhã, após um farto pequeno-almoço numa simpática hostel em frente ao rio Douro, eu resolvo tirar uma foto ao grupo de teatro em frente ao Sandeman. 
No exato momento em que disparava o flash, eis que o inesperado acontece (e sim, aconteceu em frente a todos):
- um pombo, lá do seu imponente estatuto, sobrevoando o rio Douro e exibindo as suas asas enérgicas e luzidias, eis que resolve libertar (em queda livre) os seus excrementos na minha face. [uma sensação térmica e gordorosa que eu, talvez, nunca mais esqueça].
Agora, no autocarro a caminho de casa, chego à seguinte conclusão:
 O karma é f*** [nunca mais escrevo nenhum guião a ofender uma rola, muito menos a sugerir envolvimentos sexuais com um pombo].

A Belmira em "Voando sobre um Ninho de Tolos"

sábado, 4 de maio de 2019

Disse Fêmea

Acordada desde as 5h da manhã (ultimamente tem sido uma prática comum), sem conseguir dormir, tento perceber em que momento da minha criação me foi acrescentada a alma de felina noctívaga (até porque não uso nenhuma caixinha de areia) e ainda, porque eu teimo em ter banda sonora para os meus pensamentos, quando à minha volta reina o silêncio dos movimentos dos olhos REM dos meus mais que tudo. Anseio urgentemente por um botão que me desligue do que me transtorna e preocupa. Desejo-o como se tratasse do último balão de oxigénio disponível no mundo. Enquanto constato que não passa, nem passará, de uma utopia (diria até infantil), resta-me dar voz à música que embala as minhas sinapses.

Mal eu sabia

Que a vida rouba os sonhos
Mal eu sabia
Que o mundo nos desmama
De paixões surdas,
Cava na cara
Sulcos secos,
Sulcos secos
(in Disse Fêma, Jorge Palma)

Talvez exista mesmo um felino dentro de mim.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Posso tirar uma fotografia?

 - Sim - respondi a um dos meus mestres.
- Pões no facebook para te dar um beijinho antes de ir dormir? - pergunta.
<3
Mamã iogurte no trabalho.
Créditos de um fotógrafo muito especial.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Não faças piadas quando estou zangada

- Não faças piadas quando estou zangada - pediu a minha pequena C.
[na verdade, uso essa estratégia para que ela se esqueça do que a está a aborrecer/provocar birra]
- Está bem - Respondi.
- Podes ser normal quando eu estou assim, não podes? - voltou a pedir de forma a assegurar a extinção daquele comportamento.
- Sim.
Momentos mais tarde e já com o assunto esclarecido, veio junto a mim [talvez, preocupada que a mãe dela pudesse perdesse a sua essencia] e pediu:
- Ó mamã, mas às vezes podes dizer piadas e fazer macacadas que eu até gosto.
- Podes ficar descansada.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

O outro lado do amor

A Mia (amarela, 10 anos) e a Sushi (preta, 8 anos) existem desde sempre na vida dos meus filhos. A Mia vem acusando o peso da sua idade. Demora a levantar-se, corre menos e agora, aparecem com mais frequência feridas nas patas. Não gosto pensar no futuro sem elas, não consigo sequer concebê-lo.
A pequena C., observadora nata, perguntou-me depois de me ter avaliado a olhar para as "nossas meninas"[como a gíria diz: "um olhar diz tudo", não é?]:
- Mamã, a Mia vai morrer?
- Um dia [nem quis acreditar que disse isto em voz alta].
- Não te preocupes, quando ela morrer já não tem doi-doi nas patas - tranquilizou-me a pequena.
Mia e Sushi
O amor não tem que obedecer a regras, a ideias ou correntes de pensamento. Há amores que não se definem, nem tem de ter definição. Há amores que empedram o movimento das pernas. Há amores que sufocam e outros simplesmente alimentam. Há amores sem resposta e outros são cheios de perguntas. 
Ah...e se o amor tem lados? Não me parece.