"Hey tenho asas nos pés..."

Eu? Não tenho não.
Os meus pés sempre fizeram parte da minha lista de "coisas que eu mudava". Por norma, também não é algo que aprecie nos outros.

Não se pode ter tudo, é bem certo!

No meu caso, porque tenho dedos rebeldes que não me obedecem e que têm o desplante de apresentar unhas pouco geométricas difíceis de pintar com verniz.
No verão evito sandálias e chinelos e sou assumidamente, uma menina de ténis.

Descalça não obrigado. Por favor, alguém que mostre como funciona um corta-unhas à Susan Boyle pois, definitivamente é um objeto que desconhece!

Com o calor sou acometida pelo fenómeno dos pés inchados e fico possessa, porque tenho de ouvir  comentários do género; "ai tão inchados, nem se vêem os tornozelos".
Por favor, isso é algo que simplesmente não se diz, está bem?

E ainda há quem compare pés inchados a cepos como este. 

A propósito de pés, uma vez conheci uma rapariga que, entre muitas qualidades, tinha alguma dificuldade em ver-se com imperfeições nos vários níveis da sua existência (não consigo ser mais simpática).

Um dia, mostrava com orgulho as suas sandálias caríssimas e os seus pés com joanetes e cravos (nada parecidos com flores, devo dizer), quando eu pensava que ela iria lamentar a sua sina pelas deformidades visíveis a olho nu, surpreende-me dizendo:

"A parte do corpo que mais gosto são mesmo os pés. Adoro, como ficam lindos nestas sandálias".

Posto isto, fico sem argumentos para deserdar os meus pés.

Vou tentar reconciliar-me.

E eu ainda me queixo...