...tanta fofura! |
Há diferença?
Ninguém sabe o que é ser mãe até
sê-lo de verdade. Fazemos de conta desde pequenas, brincamos com nenucos, damos
papinhas, biberão, mudamos fraldas, passeamos com os bonecos nos carrinhos,
desempenhamos esse papel vezes sem conta ao longo da nossa vida. E depois a
coisa materializa-se, somos mães.
Damos à luz. Falta-nos o ar de
tanto gostar. Não conhecíamos essa dimensão do amor. Longe estávamos de a
conhecer. Vivemos intensamente os cheiros e sons e estamos eternamente
enamorados pelos nossos filhos. Ninguém nos ensina, e nós aprendemos tudo no
momento em que eles nascem. Somos seres humanos incríveis. Somos dotadas de um
botão que se liga e nunca mais se desliga.
Maravilhoso, não é? Depois de
ligado não há volta a dar.
Há consequências? Sim há.
A nossa ansiedade e preocupação
hierarquiza-se numa pirâmide crescente. Começamos pelas questões do
desenvolvimento, as doenças normais da infância, a escola, as amizades, a carta
de condução, os estudos, os namoros, as companhias, as saídas à noite, os
copos, os cigarros, as rebeldias, até ao dia em que fazem o seu próprio ninho e
constroem a sua própria família e voam. E quando pensamos que o botão não
precisa de estar sempre em alerta, aí a pirâmide volta a aumentar. Queremos que
tudo corra bem com o casamento, com o trabalho, com as relações, com os netos,
etc.
Arrisco a dizer que não há limite
quando se é mãe, mesmo se a memória em idade avançada nos pregar partidas e nos
baralhar a mente. A ligação aos filhos é visceral e não desaparece, mesmo que o
Alzhemeir não deixe lembrar o nome ou o grau de parentesco, o coração sabe que
existe uma ligação. Conheço casos assim e acredito no poder do amor de uma mãe.
Saber dosear a preocupação é
mestria, um exercício constante e diário, para que não se sufoque quem mais
amamos.
Se voltasse atrás mudaria alguma
coisa? Nem uma vírgula.
E a gatinha? Também me parece que
não.
Também a mim, mesmo não sendo mãe, me parece que não há diferenças. Mãe será mãe, independentemente do reino, grupo ou espécie. Espero ainda um dia poder confirma-lo na primeira pessoa. Mesmo, mesmo à flor da pele, amiga.
ResponderEliminarSei que serás! Beijinho grande!
EliminarFantástico exercício mental e literário. Parabéns!
ResponderEliminarQue bonito texto :)
ResponderEliminarObrigada Sara! ;)
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