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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Tortura.

Às vezes sinto cenas estranhas. Não, não estou a falar de gases intestinais ou estômagos roncadores, nada do meu interior. Sinto cenas estranhas em espaços que vou ocupando. Sinto uma espécie de inesperada teia de aranha na cara, que se apanha de surpresa num lugar recôndito, onde nunca vamos, onde ninguém habita.
Ontem foi isso que se passou. Saí para um jantar e voltei por um caminho que eu sabia que me traria memórias. Mas não umas memórias quaisquer, memórias que provocam a dor da verdade, do presente. Apetecia-me ter fechado os olhos para não ver, mas ia a conduzir, sozinha. Não fecho os olhos quando estou a conduzir, a não ser que espirre.
Vi imagens em catadupa, frenéticas e hiperativas! Parecia que as guardava ali há tempo demais. Sacanas! Fizeram-me a folha. Por momentos, julguei estar numa espécie de Laranja Mecânica. Malvado sejas Stanely Kubrick que ainda vives na minha mente.

Hoje, com dores no corpo (provavelmente um vírus que eu orgulhosamente decidi hospedar, sou uma querida portanto) e na alma, apetece-me incubar memórias novas, procurar outros filmes, fazer uma curta-metragem e eliminar personagens secundárias. Mas depois lembro-me da louça para lavar, da roupa para estender e aguardo. Talvez outro dia.
Malvado sejas.

6 comentários:

  1. A memória é lixada. Às vezes era melhor que se abatesse sobre o nosso cérebro uma espécie de amnésia selectiva, não é? Seja lá o que for, há coisas que devem permanecer exactamente onde estão, guardadas numa gaveta empoeirada do sótão cerebral. Do you know what I'm talking about?

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    1. Se sei. Hoje, definitivamente, dia não. Amanhã não sei, mas caramba onde anda o Alzheimer nestas horas?

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  2. Há tantas coisas que guardo fechadas a 1000 chaves na cabeça e que volta e meia saltam cá para fora e me desorientam...

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    1. Caramba...o pior é saber onde guardamos as mil chaves...

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