Há uns tempos, uma amiga minha
contou-me que a sua filha só tinha perdido o medo de que algo, mau e misterioso,
estivesse guardado dentro do armário do seu quarto, quando a mãe deixou de
abrir a porta para lhe mostrar que nada existia lá dentro. Explicava-me ela que,
ao abrir a porta, era como se estivesse a dizer que o seu medo não era, de todo,
infundado. Ou seja, apenas o confirmava. O problema deixou logo de existir e as
noites passaram a ser tranquilas na vida daquela criança. Afinal, a solução era
simples.
Foi preciso apenas mudar de perspetiva.
O medo.
Se há palavra que me
amedronta é esta. Eu tenho medo de ter medo. Sei que, se deixarmos, o medo pode
até congelar-nos os movimentos, o pensamento e a razão.
Ter medo é deixar de viver. Mas
às vezes é tão difícil! Quem é a mãe ou pai que nunca teve medo pelo seu filho?
Que nunca incorporou as suas angústias como das suas próprias se tratasse?
É tão fácil viver com medo, que o
estranho poderá ser mesmo nunca senti-lo! O nosso instinto leva-nos a reagir e
a viver em estado de alerta sempre que nos sentimos ameaçados. É biológico, não
temos a culpa, fomos determinados para sobreviver. E não é isso que fazemos
todos os dias?
Mesmo que seja doloroso, os
nossos filhos nem sempre aprendem em linha reta!
No caminho encontram pedras,
degraus, sujam-se, fazem nódoas negras, arranham-se, caiem, trazem marcas de
guerra da escola, choram, exibem galos que cantam pela meia-noite,
angustiam-se, têm medo, têm medos. Faz parte do crescimento e desenvolvimento
da criança, e ter medo por eles não ajuda. Ter medo que algo lhes aconteça só
traz angústia e sofrimento por antecipação.
Então, de que estamos à espera? De
que estou eu à espera?
"Mude de perspetiva".
Sim, vou
tentar mudar.
Eu tenho medo...por elas, pelo meu marido, pelos meus pais. No entanto, o medo não me paralisa, porque a coragem e a necessidade de viver são mais fortes.
ResponderEliminarÉ mesmo isso! :)
EliminarUma vez, há já uns anos, olhei para trás na minha história e constatei que as coisas que temi sem aparente razão, os medos vários que fui tendo, não se tinham revelado com fundamento, não "se concretizaram". Outras coisas ruins aconteceram, é verdade, mas não aquelas de que eu tinha medo. Então decidi que ter medos (desses, como descreves aqui) é uma perda de tempo, porque depois, na maioria das vezes, como constatei, nem sequer "se realizam" (e ainda bem). Olha, resultou. Deixei de ter uma data dos medos que tinha (embora, claro, alguns sempre ficam). E as minhas filhas já chegaram a cinco ou dez centímetros acima de mim e tudo tem corrido bem. :-)
ResponderEliminarUm beijinho, Mamã Iogurte. (de mãe para mãe)
Obrigada Susana! De mãe para mãe!
EliminarGrande verdade. Secalhar temos todos de passar a deixar as nossas "portas de armário" pessoais fechadas
ResponderEliminarNem só as crianças têm medos desses. Infelizmente.
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